quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A morte do guerreiro


Hoje livraste-te do fardo, deste-mo a mim...Só espero conseguir sobreviver à travessia do deserto. Sinto dor, frustração, desilusão e até nojo e espero conseguir ultrapassar estes sentimentos. Por momentos sinto que a morte seria uma boa solução mas o que me apetece mesmo é sair daqui, partir para a Escócia (não sei porquê a Escócia). Apetece-me ir só e sentar-me num precipício e sentir o mar por baixo e a brisa a percorrer o meu corpo, a lavar-me a alma. Preciso encontrar-me, de encontrar a paz, de encontrar a luz, por isso te dizia que esperava que o sofrimento fosse o caminho para a luz. Espero não desistir de percorrer o caminho até encontrar a luz. Acredito na sinceridade do compromisso agora recomeçado mas duvido dos dois anos que passamos juntos. É verdade que sempre ficou claro desde o princípio que eras livre para procurar outra pessoa. Isso custava-me mas eu acreditava piamente que nunca aconteceria porque me amavas....Erro meu! Agora duvido de tudo. É verdade que nunca me aconteceu isto, sempre fui eu a fazer a merda...a estar desse lado, mas também não é menos verdade que nunca amei ninguém assim e saber perdoar é uma virtude que terei que cultivar. Tenho uma arma muito forte que me ajuda: o amor que sinto por ti. Nunca ele foi posto tão à prova.Hoje fui à varanda e olhando para a vastidão do mar que se estendia à minha frente senti-me pequenino e achei que tudo na vida terrena é tão ínfimo e que seria nesta provação que poderia crescer como homem. Queria abrir o coração e deixar a dor sair mas não sei como e não quero usar os subterfúgios que outros utilizam. Quero enfrentar a dor de frente, sem álcool ou afins, isso far-me-á crescer. Corro um risco: endurecer o coração. Dizem que por detrás de um palhaço há sempre um homem que chora, nunca como hoje isso foi tão verdade. Sempre fui insensível, sempre joguei com as pessoas, sempre esmaguei sentimentos, adorava técnicas de combate e utilizava-as em tudo: na sedução, no trabalho, considerava-me um guerreiro e por isso cheguei onde cheguei sem ajuda, combatendo... Quando te encontrei e sem querer abri o coração (o maior erro de um guerreiro) tornei-me vulnerável, obscureci a mente, embebedei-me com sentimentos, vivi um conto de fadas e fui atacado pelo meu ponto fraco, sem misericórdia e senti-me morrer, mas aí algo de novo está a surgir e quando me julgava morto um sentimento chamado amor ainda me mantém vivo. É como se estivesse num campo de batalha dilacerado e quase morto. Sim, um morto-vivo e agarro-me a essa restea de vida na esperança de tal como a Fénix eu possa renascer das cinzas e sei que o vou fazer. Já fui ferido antes e sempre sobrevivi, não me deixarei morrer agora.Poderia voltar a ser guerreiro, poderia fechar o coração e voltar a vencer. Mas ou pela idade ou pelo sentimento que vivi, fiquei viciado, quero mais amor. Sei que poderei ser atacado mais vezes, que poderei morrer, mas vou tentar porque acho que se pode vencer uma guerra com amor, mais difícil e percorrendo um caminho mais longo. Mas antes viver com a esperança e sentindo-me vivo do que virar de novo insensível. Antes ganhava batalhas mas elas pareciam-me efémeras depois... Sentia-me vazio. Se calhar sentia aquilo que sentes e descobri que era muito melhor viver o amor do que viver a indiferença de um coração duro de estátua. Acredito que o meu coração gelou mas não petrificou e como o gelo também tenho esperança que o calor do amor o derreta e me torne à vida. Aí a fénix terá renascido, aí poderei ser feliz. Odeio o mundo neste momento....

Um comentário:

almasgemeas disse...

Tenho a certeza que conseguirás fazer a travessia do deserto porque eu estarei a caminhar sempre ao teu lado. O Amor vence tudo, é mais forte do que possamos acreditar. É com ele que ultrapassaremos isto juntoss!!!