quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Mudam-se os tempos, mantêm-se as tradições...


Há quem diga que os tempos são outros, que as tradições mudaram, que os costumes já não são o que eram, mas os sentimentos...sim, os sentimentos...esses perduram. Ontem, hoje e sempre o Amor será sempre Amor, será sempre arrebatamento, será sempre dar e nada esperar. E é na incessante procura de Te dar, meu amor, de Te dar cada vez mais que aqui retomo um costume, que retomo um tradição: a da redacção de cartas de amor porque como diz o poeta “palavras leva-as o vento” e quero e necessito de aqui firmá-las, para que para a toda a eternidade fique este simples testemunho. O testemunho de um homem que um dia começou a amar uma mulher.
Reconheço hoje que sempre andei perdido num mar de sentimentos mal explicados, pensando que via a luz, perseguindo essa luz mas que infelizmente nunca me iluminava a alma. Agora sei, agora vejo com clareza que não era a luz que via mas sim um reflexo dela. E tal como um reflexo, sempre efémero e pouco nítido fazia-me caminhar na direcção oposta. Vivi enganado e levei 34 anos para o descobrir. Para muitos uma vida, para outros uma simples parte, mas não posso esquecer e lamentar aqueles que partiram com menos idade sem nunca saberem o que era amar. Hoje acredito que mesmo passado esse tempo ainda há tempo para ver e mergulhar na luz, para sair das trevas emocionais em que vivi.
Foi naquela menina tímida e supostamente gordinha que descobri o caminho. Foste tu, menina de sotaque estranho, que mesmo sem saber me deste a mão na escuridão e me ensinaste o caminho para a luz, o caminho para a felicidade, o caminho para o Amor. No início não sabia caminhar e na escuridão me ia perdendo...Mas guiado por ti via o reflexo de luz cada vez mais ténue, mais longe. Não sabia para onde ia mas deixava-me levar, seguia a brisa que percorria a tua alma e que me atraía constantemente para ti. Tive medo. Não percebia a atracção. Não podia ser atraído. Afinal afastava-me descontroladamente do meu mundo e mergulhava no desconhecido. Caí uma vez e tu, meu amor, deste-me a mão...ralhaste comigo e percebi que afinal não sabia caminhar só neste novo caminho. Não podia continuar os disparates que tanto me haviam deixado vazio no passado, não queria mais ser oco. Contigo começava a despertar e a perceber o quão importante era a mão que me davas. A candura do teu sorriso, a doçura do teu olhar mostrava-me o caminho a trilhar para sair da escuridão sentimental e caminhar para a aurora de uma nova vida. Durante dois anos percorri esse caminho, caí, fizeram-me cair, mas sempre com a tua mão conseguia me erguer. Algumas vezes foste tu que rasteiraste, foste tu que me fizeste cair, mas foi também tu quem nessas vezes me ajudaste a levantar. Era como se a minha caminhada ao teu lado fosse feita na areia da praia, movediça, traiçoeira, onde o mar sorrateiramente roubava as minhas pegadas. Mas independentemente do que acontecia lá estavam sempre as minhas pegadas marcadas na praia ao lado das tuas. Quando de repente elas desapareceram fiquei em pânico. Olhando a praia não percebia o que acontecera...o mundo desabara. Porquê? Porquê? Porque me abandonaste meu Amor? Perguntava-me eu incessantemente. Via só as tuas pegadas a caminhar para longe das minhas....só via as tuas pegadas. Onde estavam as minhas. Teria ficado parado? Teria eu morrido? Sentia-me morto...Estava agora numa escuridão maior porque tu já não me iluminavas. Olhei para trás e ainda pensei voltar para o reflexo. Olhei para ti e em lágrimas percebi que afinal as minhas pegadas tinham desaparecido porque tu me levavas ao colo. Afinal nunca me abandonaras, apenas me carregavas ao colo no momento mais difícil da minha vida. Foi nesse momento que percebi que fora criado para ti. Foi nesse momento que verdadeiramente comecei a amar-te

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